O MOTIM, A TENSÃO E O BLECAUTE
Chocada, a população se comportou como se houvesse um “toque de recolher”. Em plena alta estação, boa parte do comércio, restaurantes e demais serviços fechados. Clima tenso nas ruas. Temor generalizado. Um duro golpe na ordem pública e na economia.
Policial Militar não faz greve. Faz motim, que se caracteriza por atos explícitos de desobediência às autoridades constituídas ou contra a ordem pública. Pelo Código Militar, o motim ocorre quando a tropa (ou parte dela) desobediente ocupa quartel, arsenal ou estabelecimento militar. Precisamente, foi o que ocorreu.
A Constituição do Brasil veda expressamente o direito de greve aos militares, estaduais ou federais, e a sindicalização. Sim, as reivindicações dos policiais cearenses são, em grande parte, justas. Mas, tal condição não garante o direito de greve. A Carta é magna. O Estado é de direito.
No mundo inteiro, as forças militares existem para garantir a ordem pública. Sem isso, a democracia não funciona. A sociedade não funciona. A vida social e econômica não se desenvolve. Daí explica-se o legislador ter colocado no texto constitucional a proibição da greve militar.
Na tarde de terça-feira, escrevi no Twitter: “A democracia chora e sangra com motins de servidores públicos armados cuja missão é garantir a ordem pública”. Armados e com bens públicos sequestrados.
Essa é uma parte da questão relacionada aos graves episódios. A outra diz respeito a atuação dos representantes públicos eleitos pelo povo. Nesse ponto, deu-se um blecaute político e administrativo. Um vácuo de autoridade que prevaleceu até mesmo depois do acordo que levou ao fim da paralisação.
Diante do “toque de recolher” espontâneo, nenhum pronunciamento. Nenhuma autoridade veio a público oferecer ao distinto público uma explicação, um rumo, uma linha de comportamento. Ninguém.
Policiais Militares possuem um comando. Foi como se não existisse. Os oficiais comandantes não foram vistos. Nenhum representante da corporação estava nas negociações. Idem o secretário de Segurança, um oficial PM. A base aliada do Governo sumiu. Uma base sem voz e incapaz de se interpor. Publicamente, no auge da crise, todos ficaram caladinhos esperando a voz da chefia. Mas, a chefia ficou calada. Silêncio absoluto.
O Governo é muito bom em publicidade. Já era assim com o velho Cambeba. É a crença de que a verba publicitária resolve as coisas. Não resolve. Há uma disputa no seio da opinião pública que jamais pode ser abandonada. Quem a abandona nos momentos de crise comete o maior dos erros.
E a guerra de ontem era, em grande parte, no seio da opinião pública. De um lado, os líderes do movimento absolutamente disponíveis para as câmeras e microfones. O tempo todo dando suas versões. Tentaram até passar a ideia de que o PM cearense recebia o pior salário do País (outros nove estados, incluindo RJ, RS e PE pagam pior).
Do outro lado, o vazio. Um lado sem versões. Um lado que não soube falar, se posicionar, explicar, acalmar e mostrar os esforços de guerra em andamento para proteger o cidadão. As redações mobilizadas tentavam ouvir o Governo. Nada. Nenhuma palavra. Nem a voz nem o porta-voz.
O Governo pecou demais. Foi pego de calças curtas. Não se antecipou ao movimento. Dormiu em berço esplêndido. Daí, não tinha o que falar. Mesmo tendo sido a gestão que mais apostas e investimentos fez em segurança pública em toda a História do Ceará.
Policial Militar não faz greve. Faz motim, que se caracteriza por atos explícitos de desobediência às autoridades constituídas ou contra a ordem pública. Pelo Código Militar, o motim ocorre quando a tropa (ou parte dela) desobediente ocupa quartel, arsenal ou estabelecimento militar. Precisamente, foi o que ocorreu.
A Constituição do Brasil veda expressamente o direito de greve aos militares, estaduais ou federais, e a sindicalização. Sim, as reivindicações dos policiais cearenses são, em grande parte, justas. Mas, tal condição não garante o direito de greve. A Carta é magna. O Estado é de direito.
No mundo inteiro, as forças militares existem para garantir a ordem pública. Sem isso, a democracia não funciona. A sociedade não funciona. A vida social e econômica não se desenvolve. Daí explica-se o legislador ter colocado no texto constitucional a proibição da greve militar.
Na tarde de terça-feira, escrevi no Twitter: “A democracia chora e sangra com motins de servidores públicos armados cuja missão é garantir a ordem pública”. Armados e com bens públicos sequestrados.
Essa é uma parte da questão relacionada aos graves episódios. A outra diz respeito a atuação dos representantes públicos eleitos pelo povo. Nesse ponto, deu-se um blecaute político e administrativo. Um vácuo de autoridade que prevaleceu até mesmo depois do acordo que levou ao fim da paralisação.
Diante do “toque de recolher” espontâneo, nenhum pronunciamento. Nenhuma autoridade veio a público oferecer ao distinto público uma explicação, um rumo, uma linha de comportamento. Ninguém.
Policiais Militares possuem um comando. Foi como se não existisse. Os oficiais comandantes não foram vistos. Nenhum representante da corporação estava nas negociações. Idem o secretário de Segurança, um oficial PM. A base aliada do Governo sumiu. Uma base sem voz e incapaz de se interpor. Publicamente, no auge da crise, todos ficaram caladinhos esperando a voz da chefia. Mas, a chefia ficou calada. Silêncio absoluto.
O Governo é muito bom em publicidade. Já era assim com o velho Cambeba. É a crença de que a verba publicitária resolve as coisas. Não resolve. Há uma disputa no seio da opinião pública que jamais pode ser abandonada. Quem a abandona nos momentos de crise comete o maior dos erros.
E a guerra de ontem era, em grande parte, no seio da opinião pública. De um lado, os líderes do movimento absolutamente disponíveis para as câmeras e microfones. O tempo todo dando suas versões. Tentaram até passar a ideia de que o PM cearense recebia o pior salário do País (outros nove estados, incluindo RJ, RS e PE pagam pior).
Do outro lado, o vazio. Um lado sem versões. Um lado que não soube falar, se posicionar, explicar, acalmar e mostrar os esforços de guerra em andamento para proteger o cidadão. As redações mobilizadas tentavam ouvir o Governo. Nada. Nenhuma palavra. Nem a voz nem o porta-voz.
O Governo pecou demais. Foi pego de calças curtas. Não se antecipou ao movimento. Dormiu em berço esplêndido. Daí, não tinha o que falar. Mesmo tendo sido a gestão que mais apostas e investimentos fez em segurança pública em toda a História do Ceará.
(Coluna do Fabio Campos -Opovo)
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